Saúde além das Unidades Sanitárias: Experiências, Histórias e Lições aprendidas do projecto Promoção a Saude da SDC

REPORT.PHOTOS: Leonel Albuquerque - 15. julho 2022

Muitas vezes quando somos acometidos por alguma enfermidade recorremos imediatamente a um profissional de saúde, convictos de que irão resolver os nossos problemas. Este facto não é um fenómeno exclusivo nos países em desenvolvimento. Os profissionais de saúde em qualquer canto do mundo, sabem que cada doença é desafio e, por isso, reconhecem as suas limitações cognitivas e técnicas para lidar com enfermidades comuns em constantes metamorfoses. E não há algum sistema de saúde que esteja preparada, sozinha, para lidar com tal facto, por mais robusta que seja. É por isso que todos somos chamados a actuar como agentes de saúde, seja na nossa casa, no trabalho, na escola ou em qualquer lugar em que estejamos.

Nos grandes centros urbanos esta recomendação pode até não ser visível, mas é nas comunidades rurais onde pequenas acções de promoção à saúde fazem grandes diferenças porque, afinal, a escassez de recursos humanos e materiais para o sector de saúde é mais gritante nestas regiões. O sonho de serviços melhorados de saúde continua distante.

O projecto de Promoção a Saúde da Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação (SDC) implementado pela HELVETAS Moçambique e instituições do Governo, tem vindo a trabalhar com o Governo nos últimos 3 anos, apoiando os centros de saúde  na construção e montagem de sistemas de abastecimento de água, aquisição de equipamentos de Higiene e Limpeza; consumíveis de escritórios entre outros bens. Para gerar mudanças reais e de forma holística nos distritos de Montepuez, Chiúre e Ancuabe, o projecto trabalha, também com as comunidades através dos Comités de Cogestão e outras estruturas comunitárias, capacitando-os para apoiarem na gestão das Unidades Sanitárias e acções de vigilância sanitária ao nível das comunidades. Esta abordagem está a contribuir para a melhoria dos serviços oferecidos aos utentes; redução de doenças e morbi-mortalidade, especialmente resultantes das más práticas de higiene, e melhor desempenho dos profissionais de saúde.

Albertina e Belinha, são duas senhoras de comunidades distintas, que partilharam connosco o significado destas mudanças nas suas vidas.

«O funcionamento do hospital melhorou bastante e estou satisfeita por isso. Como mulher e mãe, o que posso dizer é que o hospital está limpo e o atendimento também. A maternidade e as casas de banho se encontram em boas condições de uso. Não precisamos ir para a mata ou abandonar o atendimento e voltar para casa para satisfazer as nossas necessidades. Em termos de necessidade de assistência, tudo fazemos aqui no centro»

Albertina Celestina, utente do Centro de Saúde de Ntapata, distrito de Montepuez

Albertina Celestina
«A unidade sanitária está a funcionar bem, porque somos bem atendidas e tratadas. Também nos dão os medicamentos que os médicos recomendam. A casa de banho tem torneiras e jorram água sem problemas. Fora isso, tem tambores devidamente cheias de água. As necessidades biológicas fazemos lá mesmo e nos lavamos sem nos preocupar. A maternidade também é segura, porque estão sempre a limpar. Entretanto, penso falta mais camas. Neste momento, tem apenas duas camas e lençóis também são poucos. Antes de termos água no centro de saúde, nós sofríamos muito, porque tínhamos de trazer água das nossas casas para o hospital. Era um sacrifício grande, ter de carregar baldes e bidões com água e percorrer longas distâncias»

Belinha Issa, utente no Centro de Saúde de Nairoto.

Belinha Issa